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Natural do Rio Grande do Sul, Luanna Isabelly marcou um momento histórico ao ser coroada Miss Universo Trans 2023, em evento realizado na Índia. Evento que tem a frente os Diretores Nacionais Fabiano Biazon e Mateus Ahlert que acreditam que o concurso Miss Universo Trans no Brasil tem sua importância para a visibilidade desta comunidade que luta por direitos igualitários. “Fabiano relata que está edição é a primeira Nacional e que o Brasil passou a ter a representatividade após a conquista de Luanna Isabelly, no Mundial da Índia”, diz.
Com sua beleza, carisma e coragem, ela transcendeu barreiras e se tornou um ícone global de inclusão e diversidade. Nascida no Brasil, Luanna trouxe consigo a força e a resiliência características de quem enfrenta adversidades para conquistar seus sonhos. Desde o início de sua jornada, ela se destacou não apenas por sua aparência deslumbrante, mas também por seu compromisso em promover a aceitação das pessoas transgênero e quebrar estigmas associados à sua identidade e ao longo de seu mandato. Luanna tem usado sua visibilidade para educar e quebrar estigmas, inspirando milhares de pessoas a abraçarem sua identidade e lutarem por igualdade. Sua vitória não é apenas um marco no universo dos concursos de beleza, mas também uma bandeira de resistência e transformação social, celebrando a pluralidade das vivências trans.
Segundo Luanna, seu reinado Miss Universo Trans 2023 está sendo mais do que uma celebração de sua beleza, é uma declaração poderosa sobre a necessidade de igualdade de direitos e oportunidades para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero. “Ao longo de meu reinado, tenho usado minha visibilidade para criar e planejar plataformas para amplificar as questões de igualdade, com uma voz ativa nas redes sociais e em eventos globais, e tenho trabalhado a consciência sobre as lutas enfrentadas pela comunidade trans e para inspirar outras pessoas a abraçarem suas verdadeiras identidades com orgulho e confiança. Acredito que a visibilidade é uma ferramenta crucial para a mudança e tenho defendido, incansavelmente, que mais vozes trans sejam ouvidas em todas as esferas da sociedade”, diz.
De acordo com Luana, a sua conquista no Miss Universo Trans é um marco que será lembrado não apenas por sua relevância no contexto do concurso, mas por seu papel fundamental na luta por um futuro mais igualitário e inclusivo para todos. “Tenho lutado para levar esperança e representatividade para jovens trans ao redor do mundo, mostrando que é possível alcançar os mais altos patamares sem renunciar a quem somo. Sou Técnica de Enfermagem, não atuando, no momento, devido aos compromissos do meu reinado, mas, antes de ser eleita, trabalhei bastante tempo nessa área e é uma área que eu sou apaixonada. Foi o que eu escolhi, quis isso para a minha vida, cuidar de outras pessoas, e pretendo retornar, assim que possível, concluir a minha faculdade de enfermagem e seguir na área da saúde, porque é o que amo e gosto muito de fazer”, conta.
Para Luanna Isabelly, é grande a necessidade e importância de a sociedade enxergar a comunidade LGBTQIA+ como pessoas normais, com direitos e dignidade. Destaca que a identidade de gênero, ou a orientação sexual, não devem ser motivo de discriminação ou preconceito. “Somos seres humanos normais, queremos ser respeitadas, queremos viver, amar e prosperar, assim como qualquer outra pessoa, e meu objetivo é inspirar a sociedade a ultrapassar barreiras de intolerância e reconhecer o valor único de cada indivíduo, independente de quem ele seja ou necessite para ser feliz, e que necessitamos de liberdade e que meu gênero seja a última coisa a ser pensada”, ressalta.
De acordo com Dr. Diego Candido, que como advogado trabalha com o público trans e com a comunidade LGBTQIA+, seu trabalho vem ao encontro a auxiliar as necessidades de cada indivíduo, no dia a dia, e tem sua rotina diária estar à frente, trabalhar sempre na defesa dos direitos humanos e atuando na ONG Igualdade – Associação de Travestis e Transexuais do RS. “Na associação atendemos todas as demanda de assistencialismo desta população, a nossa ONG presta atendimento jurídico, psicológico, auxilio alimentar, encaminhamento para vagas de emprego em parcerias com Sine – Sistema Nacional de Emprego, e contamos com vários projetos para empoderar esta comunidade. Precisamos trabalhar o direito de ir vir de cada indivíduo, com menos preconceito e com mais oportunidades”, salienta.
Dr. Diego relata, ainda, que o concurso Miss Universo Trans tem como sentido e propósito representatividade e empoderamento dessa comunidade, mesmo tendo conhecimento que muitas não tiveram uma estrutura familiar, mas todas tem o direito de concluir o ensino médio, ir para uma faculdade. Estudar implica em poder ser inserida no mercado de trabalho formal, estar incluída numa sociedade, para que tenha o direito de ir e vir com menos preconceito e mais oportunidade. Para Luanna, “ser uma Miss Trans vem ao encontro de inspirar outras meninas, mostrando que se eu, Luanna, como uma mulher normal, como qualquer outra mulher trans, consegui chegar a ter estas oportunidades, elas também podem ter, basta acreditar no seu potencial e lembrar sempre que a gente não é o que as pessoas querem que sejamos, e que a gente também não é o que a gente quer ser, a gente é o que gente pode ser”, assevera.
Quanto ao concurso dia 30/9, Dr. Diego relata, ainda, que as candidatas terão que ter força, ter garra, ter voz à frente desta comunidade e ser uma Luanna, que lutou e, colocando foco no que queria para sua vida, estudou, fez sua escolha profissional e seguiu sua carreira com conhecimento. “Daí a importância do confinamento, pois teremos palestras, trazer a realidade dos seus direitos, pois não temos leis para a comunidade LGBTQIA+ no Brasil, temos decisões dos Tribunais Superiores que regulamentam estes direitos, porém nós precisamos das leis, de políticas públicas, e o concurso dá voz e dá luz a esta comunidade, e é esta a importância fundamental do concurso”, afirma.
Segundo Luanna, ela declara se entender muito bem, ser muito esclarecida quanto a sua condição trans, que é uma mulher trans, que não é uma mulher cis e ninguém precisa lembrá-la que é uma mulher trans, porque ela sabe o que ela é. Independente de cis ou trans, é sabedora que é uma mulher, e está tudo certo, é muito bem resolvida com isso e feliz. “Vivemos muitos entraves e ainda temos a questão de a pessoa ser passável ou não; é uma questão que, infelizmente, esbarra num preconceito estrutural do nosso país. Obviamente que uma mulher trans, que tem os aspectos mais femininos, que tem mais possibilidade de conseguir engrenar na escola e ter concluído o ensino médio ou o ensino fundamental, obviamente que para ela vão se criar mais oportunidades que uma mulher trans que não tenha os aspectos tão femininos, que não tenha tido acesso a intervenções cirúrgicas. A gente vê meninas hoje em dia que são agredidas por talvez não ter uma aparência tão feminina, são motivo de chacotas, por talvez não ter o silicone, não ter tido um corpo tão feminino quanto gostaria de ter. A nossa sociedade quer impor isso, que a gente tenha um rosto, que a gente tenha um corpo de uma mulher cis, mas nem sempre isso vai ser possível, então, realmente a gente esbarra ainda nesse preconceito estrutural”, relata.
De acordo com Luanna, com a proximidade do Concurso Miss Brasil Trans 2024, já agendado para 30/9, o trabalho de divulgação tem intensificado cada dia mais, com muitas viagens, muitos eventos. “São diversas partes do estado e do país, para a gente fazer um trabalho amplo, que contemple a todas e todos, não somente ao Rio Grande do Sul, mas também ao Brasil inteiro; são 26 estados mais o Distrito Federal, em todos esses estados existem misses que tem um sonho de colocar a coroa de Miss Brasil na cabeça, de representar o nosso país no concurso internacional, e neste trabalho de divulgação tenho a oportunidade de estar conhecendo as meninas em cada eliminatória”, revela.
A baixo as fotos das candidatas ao Miss Brasil Trans 2024: